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Coluna do Borduna
ADOTANDO VALORESSe o médico não acertar a veia de primeira irá cair na boca do povo. Já o engenheiro se vê no direito de chutar, ou copiar o chute alheio, e se safar afirmando em tom de Madre Superiora que "o valor foi adotado". Estará praticando Engenharia? BANHOS INESQUECÍVEISEsta é para os sabichões que não imaginam que o buraco é mais embaixo. A obra está sendo implantada em uma região que mal dispõe de água para se tomar banho. Como executar a obra é problema seu, explicaremos como se deliciar com um banho farto, nestas condições. Antes de mais nada mantenha em lugar seguro 5 garrafas plásticas para coleta da água que eventualmente aparece. Por mais minguada de algum lugar ela sempre aparece, mas furtivamente. Por isto jamais empreste suas garrafas a ninguém. Complete-as na primeira oportunidade, tampe-as e reserve-as para o cerimonial. Já no banho, garrafas destampadas, utilize a primeira delas para molhar o corpo. Irá sobrar água, mas, nesta fase, não a economize. Em seguida ensaboe abundantemente todo o corpo, ou, afogue-se em espumas. A segunda das garrafas se destina a retirar a espuma da região da cabeça (cabelos, olhos, orelhas, etc). Seja comedido. A terceira é para os membros: primeiramente os braços e depois as pernas deverão ser desensaboados completamente. A quarta retira o sabão do corpo, das regiões íntimas, e eventuais espumas teimosas que insistem em ficar. A quinta garrafa, e a mais importante, é para esbanjar água. Utilize-a como achar melhor. Molhe novamente o rosto, a nuca, e não faça conta do desperdício. Sinta-se como um marajá da água e de outras farturas. Relaxe! E tenha um bom banho, que você merece. CALANGOSHá tempos que se está comendo calangos para se sobreviver mas o pior não é isto. Os calangos estão em falta e nenhuma providência está sendo tomada. COMO MANEIRAR A CORRUPÇÃOOs homens (e os ratos) são, acima de tudo, animais contraditórios. Se, antes que ameaçá-los com a pena de morte, os políticos forem obrigados através de leis rigorosas a praticar a corrupção, muitos não cumprirão a regra só de sacanagem. CONVERSA PREPOTENTEMesmo com a pequena disponibilidade de vagas no Mercado de Trabalho, ao deparar com a frase "Precisa-se de engenheiro disposto a enfrentar grandes desafios!" fique atento. Pode ser uma preparação para um serviço com horário extremamente dilatado, puxação-de-saco incomum ou outro cinismo qualquer. Esses "empregos" costumam não ser lá grandes coisas, e vencido o tal "desafio" não haverá nenhum troféu a ganhar. ESTATÍSTICASA palavra que mais se fala em obras é fiscalização e a que mais se escreve é paralisação. O que muitos não sabem é como paralisar direito (com s) e que a Fiscalização é incompetente, mas soberana. ESTUDO DO CORTE DO AÇOEi! você que está em obra anote aí. É necessário que o Chefe da Obra tenha participação ativa no estudo do corte e aproveitamento do aço. Não que a tarefa seja difícil ou exija cálculos e algoritmos intrincados, mas é missão muito importante para ser relegada ao primeiro orelha-seca que aparecer na mira. MESTRE DE OBRAFigura chave em seu ofício. Antes de entrar em disputa de conhecimento com o Mestre, procure aprender com ele. Será seu maior professor e sabe das coisas. Não teve escola, porém o que ele sabe, seu curso também não ministrou. Tenha como meta saber mais do que ele, para só então considerar-se um Tocador de Obra. Lembre-se que a voz do povo, que não falha, diz que a experiência vale mais que a ciência. Fique também sabendo que o Mestre é líder nato, arrojado, de iniciativa, e vencedor consumado já que em seu peculiaríssimo vestibular, frente a uma multidão de concorrentes, lhe foi imposta a cláusula sine qua non de ser o primeiro da turma. Desconverse sobre perguntas como Quem sabe mais o Engenheiro ou o Mestre? ou então, tenha uma boa resposta e que agrade a todos, como: cada macaco no seu galho. O LIMITENão há motivo para achar graça e nem é coisa de gente normal a maracutaia, por menor ou maior que seja, com base em alterações de projetos ou mudanças nas especificações que prejudiquem a qualidade técnica da obra. OS PUXA-SACOSOs puxa-sacos, todos sabem, existem nas formas ativas e passivas. Um não vive sem o outro. Contrários ao relacionamento saudável e à Sociedade, os puxa-sacos não vieram para acrescentar ou convencer, não buscam o convívio normal, ignoram as amizades ou a admiração geral. Geralmente adoram a intimidade, a delação e um chefe incompetente. O Engenheiro de Obra deve evitar o convívio com estes dito-cujos caso queira ser admirado, ou não queira virar manchete na rádio peão. PAPO FURADOSem esta de que obra é um "desafio". Fazer obra é um trabalho como outro qualquer, como o dos amanuenses, das carpideiras ou dos jogadores de porrinha profissionais, só que mais fácil. PICADINHONão deixe o cantineiro servir picadinho nas refeições, que você irá se passar por afrescalhado ou pão-duro. Os peões gostam mesmo é do picadão, se possível de carne de pescoço. O inconveniente é que você terá que comer o mesmo que eles. De fato ninguém é insubstituível mas o pior não é isto. A produção pode mesmo melhorar com a substituição. Há tempos que se está comendo calangos para se sobreviver mas o pior não é isto. Os calangos estão em falta e nenhuma providência está sendo tomada. SEMÂNTICAQualquer entendido corroboraria: estas Organizações seriam muito mais apropriadamente chamadas de Desorganizações. Programas de Engenharia Civil e Arquitetura |