Revista EngWhere
ORÇAMENTOS, PLANEJAMENTOS E CANTEIROS DE OBRAS
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Ano 03 • nº 20 • 01/06/2003
NESTA EDIÇÃO
Causos & Lorotas Novo Parceiro em Marketing Empresarial: Por que é que a Gente é assim? Qualidade Real: Os Princípios da Qualidade Total Ética e Educação: O que é o Supérfluo? Meio Ambiente: Gestão Ambiental |
O Eclesiástico (37, 11) ensina que não se deve pedir conselho: "à mulher sobre a rival; ao medroso, sobre se é o caso de fazer guerra; ao negociante, sobre a mercadoria; ao comprador, sobre venda; ao invejoso, sobre gratidão; ao egoísta, sobre generosidade; ao preguiçoso, sobre qualquer trabalho; ao empreiteiro, sobre o acabamento de uma tarefa; ao servo indolente, sobre um trabalho".
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CAUSOS & LOROTAS |
ENGENHEIROS (E DIRETOR DE ESCOLA) COM IDÉIAS DE MUÇULMANO
É notória a aversão que os engenheiros (no geral) temos pelas Belas-Artes e também pela Poesia, pelo Romance, pela Filosofia, pela Música Clássica, pela Cultura enfim, e pela criatividade em particular: coisas para desocupados ou então coisa de fresco. Tendo estudado Matemática e Física na escola, sentímo-nos desobrigados de aprender outras matérias por tê-las como incompatíveis às nossas atividades, e lixamos-nos pela Filosofia da Matemática e pelo enorme esforço de criatividade e imaginação que originou a Física. Os muçulmanos queimaram bibliotecas pois nada viam de interessante fora do Alcorão, e constando do Alcorão seriam dispensáveis outros livros para tratar do mesmo assunto, enquanto nós não lemos livro nenhum, nem o Alcorão. Outras profissões acompanham-nos na pouca ilustração, como a dos dentistas, porém a grande maioria das demais profissões liberais só dá sábios: os advogados se julgam uns Águias de Haia. Muitos médicos, embora a inaptidão em escrever à mão, cultivam o saudável hábito de "datilografar" livros. O pessoal de marketing dispõe de mais artigos na Internet que os próprios jornalistas, que acabaram se especializando em escrever rápido para pessoas com pressa. Os arquitetos são uns Leonardo da Vinci (engenheiro) e os Professores passam-se por Filósofos, Psicólogos e outras erudições. Nunca se vê um engenheiro arrogando-se como um Euclides da Cunha ou um outro Joaquim Cardozo, cujos poemas, aliás, são pouquíssimo conhecidos dos colegas, que até revistas lêem pouco. É bem verdade que enfrentamos muitas dificuldades para angariar assinaturas para a Revista, cuja principal finalidade seria a de agregar valor ao Software para que vendesse mais. O Software, talvez por ser barato, até que teve saída satisfatória, mas a Revista, talvez por ser de graça, não se assinou com tanto empenho, ou foi assinada porque o Software já estava mesmo comprado. É também certo que as poesias não têm nenhuma utilidade e a Música só dá dinheiro para alguns poucos músicos, mas os excessos sempre causam constrangimentos. Vejamos um exemplo. Era uma vez (toda história que se preza precisa começar assim) em São Luís do Maranhão, a Ilha dos Amores, onde morávamos. Até falávamos baixinho sobre as maravilhas do Olho D'água com receio que o pessoal de outras práias - são 8.000 km - soubesse e resolvesse mudar em peso para lá destruindo nosso paraiso perdido. A casa holywoodiana à beira-mar estava precisando de uns quadros nas paredes, mormente daqueles famosos, para alegrá-la um pouco. Privilegiados pela sorte, entretanto, nós os polivalentes não nos apertamos com detalhes: resolvemos pintar nossas próprias obras-primas. E, numa curta temporada, foi o que fizemos. Definido o abstracionismo geométrico como nosso estilo por afinidade, munidos de todos os apetrechos, produzimos, com alguma ajuda braçal - traçávamos os esboços, pincelávamos as cores que queríamos sobre os quadrados, linhas e outras figuras, e Dora então concluía-os - finalizamos 22 obras-primas de rara beleza a contrastar com o mar cristalino à nossa frente. No décimo quinto dia descansamos, ou melhor, despertamos. Deparamo-nos tardiamente com um grave dilema: o que não iriam dizer de nós, pintando quadros, nossos colegas engenheiros? O babaca do Chefe? Os engenheiros do Cliente? E, de fato, nosso primeiro crítico-engenheiro observou entusiasmado: sendo você tão bom nisto poderia ter sido arquiteto! Já um engenheiro-crítico indagou desanimado: mas o que você está querendo dizer com estas coisas? Foi o suficiente. Expunhamo-nos passar por estranhos na profissão, ou, o que é pior, desconfiarem que estaríamos, naquela idade, malucos. Para disfarçar assinamos todas as obras com o nome de Dora e a fizemos passar-se pela artista das obras. Não víamos outra opção para evitar o escândalo, e entendíamos nossa atitude até muito coerente já que foi grande sua colaboração - muitos que se passam por artistas não fizeram nem isto por suas obras - entretanto mal sabíamos que nossas dores de cabeça estavam apenas começando. O diretor do colégio em que Dora estudava tomou conhecimento das obras da aluna e ficou surpreso por encontrar-se em sua escola alguém possuidor de tão nobre vocação. Viu-se no dever de divulgar o fato e até tirá-la da obscuridade mesmo porque não são todas as escolas que produzem talentos desta envergadura. Não poupou esforços nem prestígio para que Dora fosse notícia em 5 importantes jornais da Capital e concedesse entrevistas às rádios e à televisão. Como parte das comemorações, uma exposição, em regra, foi feita na Galeria Enei Santana (anexa ao Teatro Artur Azevedo na rua do Sol, que, talvez por isto, é um dos melhores teatros do Nordeste Encantado). Às pressas preparamos o salão, o melhor posicionamento das obras, textos sobre o Abstracionismo, faixas publicitárias, convites, doces e salgadinhos para o vernissage, enquanto ministrávamos à Dora um curso intensivo sobre os grandes mestres, suas técnicas e estilos, para não se sair tão mal durante as entrevistas. Em algumas delas não resistimos a, respeitosamente, intrometermo-nos na conversa para, com a cara em frente à câmara como fazem hoje os Cassetas, dar nós mesmo as respostas mais convenientes. Tudo para esconder um hobby que ainda hoje é imperdoável em nosso Islã. Outras passagens e correrias se sucederam e o trabalho de disfarce ainda foi grande e duradouro mas conseguimos preservar o emprego e a dignidade, e só obtivemos a condescendência dos colegas após saberem que, afinal de contas, teríamos vendido 2 obras-primas daquelas.
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ENGENHEIRO ILUSTRE |
Cardozo, Joaquim (1897-1978), poeta e teatrólogo brasileiro. Nasceu em Recife e faleceu em Olinda, Pernambuco. Engenheiro estrutural, transpôs para a poesia um pouco de sua atividade profissional: grafismos, números, símbolos. Lírico, cultivou o soneto e o verso livre com a mesma desenvoltura formal - Enciclopédia Encarta.
Chuva de Caju Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve? Como te chamas, dize, chuva simples e leve. Tereza? Maria? Entra, invade a casa, molha o chão. Molha a mesa e os livros. Sei de onde vens, sei por onde andaste. Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos. Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas, Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros E em noites de lua cheia passam rondando os maruins. Lama viva, espírito do ar noturno do mangue. Invade a casa, molha o chão. Muito me agrada a tua companhia. Porque eu te quero muito bem, doce chuva. Quer te chames Tereza ou Maria.
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POR QUE É QUE A GENTE É ASSIM?
Ênio Padilha Engenheiro, escritor e palestrante. Formado pela UFSC, em 1986, especializou-se em Marketing Empresarial na UFPR, em 1996/97. Escreve regularmente e seus artigos são publicados, todas as semanas, em diversos jornais do país. eniopadilha@uol.com.br
É na Escola de Engenharia que começa a ser destruída a nossa auto-estima. É na Escola de Engenharia que começa a ser forjado o nosso comportamento autodestrutivo, nosso desprezo pelos valores da própria profissão, nosso desgosto com a nossa própria atividade profissional. É na Escola de Engenharia que nasce a nossa falta de coragem empresarial e essa submissão inaceitável aos caprichos dos clientes. É batata ! Toda vez que, numa conversa qualquer, o assunto “comportamento no mercado” vem à tona acabamos caindo nas inevitáveis comparações de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos com Médicos, Dentistas e Advogados... Quando me perguntam o que eu acho disso (dessa comparação de profissionais tão diferentes) respondo sempre a mesma coisa: acho que essa comparação é JUSTÍSSIMA. Se eu, engenheiro, por qualquer motivo, tiver de ser comparado com outros profissionais, acho muito justo que seja com médicos, com dentistas ou com advogados. Afinal temos muito mais coisas em comum do que diferenças. Somos todos prestadores de serviços. Nosso produto (nosso serviço) é altamente especializado e todas essas atividades demandam profissionais com capacidade intelectual superior. Não se chega a ser médico, advogado, dentista, agrônomo, arquiteto ou engenheiro apenas por ter um belo par de olhos, uma voz doce ou algum dinheiro no banco... O exercício das profissões e o comportamento empresarial de cada grupo, no entanto, é o que têm construído enormes diferenças operacionais, comportamentais e, conseqüentemente, patrimoniais, entre engenheiros médicos, arquitetos, dentistas, advogados e agrônomos. Mas isso não elimina as semelhanças imensas que sempre tiveram e que ainda têm. Neste texto concentramos nossas reflexões sobre a formação dos profissionais de engenharia. No entanto, nossa experiência e a convivência com milhares de arquitetos e agrônomos dos mais distantes lugares do Brasil nos permitem acreditar que os conceitos podem se estender sem problemas também para esses profissionais.
Voltemos no tempo. Voltemos ao tempo em que essa pessoa (que hoje é um engenheiro) tinha seus quinze, dezesseis anos, um ou dois anos antes do vestibular. Esse moço ou essa moça é, muito provavelmente, um dos melhores alunos da sua sala (talvez da escola). É um expoente estudantil, requisitado pelos colegas, elogiado pelos professores, respeitado pelos pais, de quem é motivo de muito orgulho, valorizado pelos parentes, pelos vizinhos, admirado pelas garotas (ou garotos). Comparemos nosso amiguinho com o estudante de quinze ou dezesseis anos que virá a ser médico, dentista ou advogado. Veremos quase nenhuma diferença. É isso mesmo. Na origem, são todos iguais. Têm o mesmo perfil, a mesma história, o mesmo rendimento. Todos são brilhantes e bem sucedidos. Vem o vestibular. Ingressa, cada qual na faculdade que escolheu... E é aí que as diferenças começam a aparecer. Os estudantes de medicina e de odontologia são enquadrados em um ambiente novo, com pessoas que se vestem de uma maneira diferente, se comportam de uma maneira diferente e que estabelecem uma identidade visual (e, por decorrência, uma identidade psicológica) com a atividade profissional que irão exercer alguns anos depois. Os estudantes de direito, já nos primeiros meses de escola convivem com professores que vêm para as aulas de terno, gravata, sapato social, barba feita ou bem cuidada. E o mais interessante: aqueles senhores e senhoras respeitáveis, bem vestidos e de fina educação (os professores), tratam os seus alunos por “senhor” ou “senhora”, com toda a fineza e educação que a prática profissional recomenda. E estimulam seus alunos a acreditar e se convencerem de que são superiores. Que estão se preparando para “falar com o Estado” (privilégio que não é concedido a nenhum outro profissional...). Enfim, aprendem que precisam respeitar os outros, mas aprendem, antes de tudo, que precisam exigir respeito para si. Nos últimos anos de faculdade, estudantes de odontologia e medicina já se vestem como se médicos ou dentistas fossem. Freqüentam clínicas e atuam como profissionais na área da saúde. Assumem, enfim, um ou dois anos antes de terminada a faculdade, todo um comportamento típico de médico. De dentista. Os estudantes de Direito, por sua vez, a partir da Segunda metade do curso, já se vestem como advogados (roupa social, sapato, eventualmente gravata e um terno ou blazer...). Mantém com os seus professores e com os seus colegas um comportamento e um vocabulário apropriado para as lides jurídicas. E, o mais importante: são tratados, pelos seus professores, como Doutor. (Dr. Fulano, termine seu relatório até a próxima aula. Dr. Sicrano, esteja preparado para a prova final, na sexta-feira.). Apesar de ainda não terem concluído o curso. Os estudantes de engenharia, ao contrário, desde o início do curso, a única diferença que eles conseguem perceber na faculdade, em relação ao ensino médio é o grau de dificuldade (que simplesmente quintuplica!) Não existe nenhum estímulo a um comportamento novo, nenhuma referência, um exemplo positivo de comportamento. Nenhuma motivação para um desenvolvimento psicológico alternativo. Nenhum elemento que interfira na formação do profissional do ponto de vista da sua imagem física composta de aspectos visuais e comportamentais. A vida social, no ambiente da faculdade, é muito restrita, quando não inexistente. Além do mais, a faculdade entra na vida desses jovens como um elemento de ruptura. Os alunos são colocados em uma condição a que eles não estavam acostumados. Estavam acostumados a tirar notas máximas com a maior facilidade e, de repente, passam a sofrer e ter grandes dificuldades para obter notas mínimas ou médias. Deixam de ser respeitados pelos seus professores que se tornam distantes e autoritários e perdem a admiração dos colegas que estão todos desesperados tentando se salvar de uma coisa que ainda não estão entendendo direito. Não que as faculdades de medicina, direito ou odontologia sejam fáceis. Ocorre que lá os estudantes têm compensações psicológicas que os estudantes de engenharia não têm. Essas faculdades, por diversos mecanismos, inexistentes nas escolas de engenharia, dão continuidade ao amadurecimento psicológico e social do futuro profissional. E, com isto, mantêm em alta a motivação e auto-estima dos seus estudantes. Na engenharia não existe nenhum processo de acompanhamento psicológico para aquele estudante desesperado que teve a sua carreira de sucesso estudantil subitamente interrompida (mesmo os alunos que continuam conquistando notas altas, acabam sentindo a falta do aplauso dos colegas, do respeito dos professores e da admiração coletiva). E não existe ninguém para explicar o que está acontecendo. Ninguém para dizer a este estudante que ele não é tão inepto ou incapaz como, algumas vezes os professores parecem querer provar. É quase geral, por parte dos professores, nas escolas de engenharia, o exercício gratuito de poder e o terrorismo psicológico. E o aluno, que entrou na faculdade no auge positivo da auto-estima, vai recebendo, ao longo de cinco anos, das mais variadas formas, uma única mensagem: “Você não é tão bom quanto você pensava que fosse !”. Ao contrário dos estudantes de direito, medicina ou odontologia, que têm como professores, profissionais que atuam no dia-a-dia de suas atividades, os estudantes de engenharia passam cinco anos submetidos aos rigores (e, em alguns casos, caprichos) de engenheiros que não atuam, profissionalmente, como engenheiros e sim como professores, e que, portanto, não têm a vivência da atividade profissional e não têm a ciência ou a consciência das relações comerciais que vão definir o sucesso ou o fracasso dos profissionais que eles estão formando. Como resultado disso, ao final de cinco anos, o estudante de engenharia se transforma em um engenheiro. E este engenheiro é completamente desprovido de auto-estima, de respeito próprio, de prazer profissional ou de consciência de mercado. Na metade do último semestre da faculdade, dois meses antes de receber o diploma e ser entregue aos leões do mercado, o estudante de engenharia ainda é tratado como mero es-tu-dan-te. Em momento algum, durante a faculdade, o estudante de engenharia é tratado como engenheiro, em momento algum, durante esses cinco anos, a escola propicia a percepção da mudança de condição de estudante para a condição de profissional. Estudantes de direito, medicina e odontologia, ao contrário, muito antes do fim da faculdade já têm uma noção razoavelmente clara das dificuldades do exercício profissional que eles irão enfrentar. Com isso vão desenvolvendo mecanismos psicológicos de defesa e saem da faculdade com maior grau de segurança. Entram no mercado profissional de cabeça erguida, com uma consciência de valor. E com todo o processo de construção da imagem profissional em andamento. Estudantes de engenharia não são estimulados a se vestir bem, nem a ter preocupações com técnicas de comunicação ou relacionamento social ou de exercício intelectual não linear. Com isso acabam não desenvolvendo habilidades gerenciais ou de relacionamento com o mercado. Esta é uma das razões pelas quais as organizações de engenharia são quase sempre extremamente burocráticas e conservadoras. Os engenheiros, via de regra, só vão perceber os resultados da negligência com a imagem física e o comportamento no mercado, depois de já terem acumulado algumas perdas desnecessárias (algumas das quais, infelizmente, irreversíveis).E qual é a utilidade desse discurso? Qual a importância de se colocar este tema no papel? Porque tornar pública esta opinião, que, com certeza aborrecerá alguns segmentos? Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar que a simples leitura deste ensaio leve um diretor de escola de engenharia, um professor, um estudante ou um profissional de engenharia a alterar o seu comportamento. O que se espera é que essas pessoas, a quem o texto é dedicado, tenham um momento de reflexão. E que a esse momento de reflexão se siga uma atitude. E que essa atitude tenha como objetivo dar um futuro melhor para a engenharia no Brasil. A engenharia depende dos engenheiros. E os engenheiros começam a ser formados aos quinze ou dezesseis anos, ainda no ensino médio. Eu ainda acho, como sempre achei, que o conhecimento científico que é transmitido aos estudantes durante a faculdade de engenharia é fundamental. E que o valor da engenharia está sustentado na capacidade intelectual e técnica dos seus profissionais. No entanto, vejo como importantíssima uma nova visão, nesse processo de formação do engenheiro, que leve em consideração todo o relacionamento social dos estudantes entre si e com os seus professores. É importante que, aos estudantes, seja transmitida uma visão mais clara das relações comerciais que eles enfrentarão na vida profissional, seja na condição de profissionais autônomos, empresários ou empregados em alguma empresa. Em qualquer um desses casos as relações sociais são elementos definitivos para o sucesso. É um “detalhe” que faz toda a diferença. Na Escola de Engenharia o engenheiro precisa ser “construído” para ser um vencedor. Precisa ser estimulado a acreditar no seu potencial. Confiar na sua inteligência. E, acima de tudo, precisa aprender a importância de manter a cabeça erguida.
Leia outros artigos no site do Especialista: http://www.eniopadilha.com.br
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Coluna do Pimpão |
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Coluna do Borduna |
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BANHOS INESQUECÍVEIS Esta é para os sabichões que não imaginam que o buraco é mais embaixo. A obra está sendo implantada em uma região que mal dispõe de água para se tomar banho. Como executar a obra é problema seu, explicaremos como se deliciar com um banho farto, nestas condições. Antes de mais nada mantenha em lugar seguro 5 garrafas plásticas para coleta da água que eventualmente aparece. Por mais minguada que esteja de algum lugar ela sempre aparece mas furtivamente. Por isto jamais empreste suas garrafas a ninguém. Complete-as na primeira oportunidade, tampe-as e reserve-as para o cerimonial. Já no banho, garrafas destampadas, utilize a primeira delas para molhar o corpo. Irá sobrar água, mas, nesta fase, não a economize. Em seguida ensaboe abundantemente todo o corpo, ou, afogue-se em espumas. A segunda das garrafas se destina a retirar a espuma da região da cabeça (cabelos, olhos, orelhas, etc). Seja comedido. A terceira é para os membros: primeiramente os braços e depois as pernas deverão ser desensaboados completamente. A quarta retira o sabão do corpo, das regiões íntimas, e eventuais espumas teimosas que insistem em ficar. A quinta garrafa, e a mais importante, é para esbanjar água. Utilize-a como achar melhor. Molhe novamente o rosto, a nuca, e não faça conta do desperdício. Sinta-se como um marajá da água e de outras farturas. Relaxe! E tenha um bom banho, que você merece.
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OS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE TOTAL
Luís Renato Vieira Diretor da empresa Qualidadereal Cons. e Assessoria S/C Ltda. Empresa especializada em implantação de sistemas da qualidade e gestão ambiental. qualidadereal@ig.com.br
A implantação de programas de Qualidade Total representa uma mudança radical nas organizações. Os conceitos que mudam são tantos e de tal exigência que a grande maioria das empresas que iniciam este processo desistem. Pensando nestas dificuldades, propomos as empresas que antes de iniciar um processo de implantação do programa de Qualidade Total analise os seguintes princípios: A) A total satisfação dos clientes: Primeiramente devemos conhecer nossos clientes, avaliando sistematicamente o que ele quer. Formar uma "parceria" com o cliente e superar suas expectativas. B) Gerência participativa: A organização deve incentivar a manifestação de idéias e opiniões e compartilhar informações e decisões. C) Desenvolvimento dos recursos humanos: A valorização do ser humano, capacitando-o para o trabalho. Promover a motivação e a satisfação no trabalho. D) Constância de propósitos: O planejamento estratégico da organização deve prever a elaboração da padronização dos processos com ações contínuas e manter a coerência nas atitudes e ser persistentes nas ações de melhoria. E) Aperfeiçoamento contínuo: Manter indicadores confiáveis para verificar o cumprimento de metas (as metas não devem ser inatingíveis). Procurar conhecer e implantar novas tecnologias. F) Gerência de processos: A organização deve identificar a relação (cadeia entre clientes e fornecedores internos) entre os processos e os pontos de monitoramento para correção dos desvios. G) Delegar: Procurar descentralizar o poder dando autonomia para tomadas de decisões ao pessoal que estão diretamente envolvidos com a qualidade. H) Sistema de informações: Trocar informações (experiências) com outras organizações. Manter um sistema de comunicação interna eficaz e transparente. I) Garantia da qualidade: Propor ações sistemáticas e padronizadas com processos de inspeções e tomadas de decisões para não-conformidades e auditorias internas para garantir este processo.
Leia outros artigos sobre Qualidade no site do Especialista: http://www.milenio.com.br/qualidadereal Fone/Fax.: (41) 336-0921
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As conseqüências nocivas de se criarem necessidades O QUE É O SUPÉRFLUO?
Engº Paulo Sertek Engenheiro Mecânico, Licenciado em Mecânica e Especialista em Gestão de Tecnologia e Desenvolvimento Professor de Cursos de Pós-Graduação em Ética nas Organizações e Liderança Pesquisador em Gestão de Mudanças e Comportamento Ético nas Organizações Assessor empresarial para desenvolvimento organizacional psertek@xmail.com.br
Ainda que ninguém proponha o consumismo como doutrina, é o estilo de vida que mais influencia. Não há outro ismo que conte com menos ideólogos e mais adeptos, satisfeitos ou frustados. No entanto, poucos reconhecerão ter incorrido nesta hipertrofia do consumo. Para o autor deste artigo , o primeiro passo para superar a tentação consumista é saber o que é o supérfluo em cada caso e como ele afeta o ser profundo do homem.
A antropologia filosófica afirma genericamente, desde a remota antigüidade, a existência de necessidades naturais (aquelas que o homem requer como tal) e necessidades acrescentadas (isto é, supérfluas), que o homem imagina necessitar, mas com uma necessidade fingida. Isto é o que se denomina por criar necessidades. Movidos hoje decisivamente pelo impulso de satisfazer tais necessidades acrescentadas, inclusive com atrofia da satisfação das necessidades que nos são naturais, torna-se imperioso contar com uma pedra de toque para distinguir umas das outras.
UM GREGO, UM MEDIEVAL E MARX Muitos pensadores de todos os tempos trataram de estabelecer a distinção entre os bens necessários e os bens supérfluos e fazer uma lista rigorosa dos primeiros, ainda que de uma forma pouco feliz. Tive a curiosidade de anotar as listas elaboradas por três filósofos de muito distintas épocas, origens e orientações: o grego Platão, o medieval Tomás de Aquino e o alemão Karl Marx. Platão, em sua República (livro II), se propõe uma relação de bens necessários rigorosamente restritiva, e consegue esta sucinta enumeração: alimentação, habitação e vestuário. Mas, poucas linhas depois, arrepende-se das suas restrições e acrescenta uma quarta necessidade - a do calçado -, ao parecer esquecida, e a partir daí se vê impelido a acrescentar muitas outras.
Antonio Millán-Puelles, na sua Economía y Libertad diz-nos que a lista mais completa enunciada por Marx acerca das necessidades básicas do homem é a que se encontra no primeiro tomo de O Capital, da seguinte maneira: alimento, habitação, vestuário - no que coincide com a enumeração platônica -, aquecimento, etc. Com o seu bom humor andaluz, diz-nos Millán-Puelles que o leitor estranhará de imediato os elementos da lista: a calefação e o etc.
Quando se trata, com efeito, de definir o necessário, não se pode deixar indeterminação em pontos suspensivos, porque estes abrem a porta ao supérfluo.
Pois bem: é curioso notar que a enumeração de Tomás de Aquino acerca dos bens necessários se identifica com a de Marx, até no etcétera, com duas peculiares ressalvas: a falta de calefação (era napolitano, não alemão) e em troca menciona, como um clarividente precursor do futuro, os veículos: a sua obesidade exigia, ao que parece, um burro. QUANDO O SUPÉRFLUO SE GENERALIZA Vê-se claramente que toda a relação de bens necessários se encontra tingida pelo subjetivismo: as irregulares ruas da antiga Grécia fazem pensar a Platão no calçado, como o frio da Alemanha do século XIX incita Marx a acolher-se à lareira, e o seu próprio volume sugere a São Tomás o requerimento de um burro para deslocar-se.
Tampouco é válido considerar como necessários aqueles bens que se tenham generalizado em uma determinada etapa social. A generalização não os torna imprescindíveis; nem sequer convenientes. Basta ter em conta que em muitas sociedades, e na nossa também, chegaram a generalizar-se determinados vícios. Com razão, ainda que com certa agressividade, comentando o terceiro livro da Ética de Aristóteles, dizia Tomás de Aquino que não é por ter-se generalizado que o supérfluo adquire selo de autenticidade, como quando a generalização fosse feita por uma multitudo stultorum, que se teria que traduzir como bando de estúpidos.
A informática exacerbou em nós a atenção às estatísticas: para muitos, encontrar-se abaixo da média seria como contrair uma doença ou ser vítima de uma desgraça. Esta é, sem parecê-lo, uma das origens do consumismo: termina-se instalando uma antena parabólica pela única razão de que todos os vizinhos já a instalaram. Igualmente, deve-se rechaçar a consideração de que o artificial torna-se por isso supérfluo. Há um modo artificial de satisfazer necessidades naturais, que se deve ao engenho do homem e que se constitui como parte importante das grandes civilizações. O mesmo Tomás de Aquino, que investe contra a generalização como critério de necessidade, diz-nos que a sociabilidade da cidade deriva de que com ela, vivendo agrupados, se alcançam artifícios benéficos que quem vivesse isolado nunca poderia encontrar.
O SEGREDO DE ARISTÓTELES Que é, então, que distingue o necessário do supérfluo? Antes de responder a esta questão, devemos fazer uma advertência e estabelecer uma hipótese. Advertimos que, na realidade, nos bens humanos não se estabelece uma divisão bipartida - necessários e supér-fluos - mas sim quádrupla: necessários, convenientes, supérfluos e nocivos. E a hipótese que me aventuro a propor é a de que os bens convenientes têm a tendência de tornar-se necessários e que os bens supérfluos tendem por fim a ser nocivos. À luz do que foi dito já poderemos concluir que o necessário (e conveniente) não pode distinguir-se do supérfluo (e nocivo) mediante fórmulas gerais, sem fazer referência direta à pessoa que usa esses bens. A mesma droga que prejudica um morfinomaníaco beneficia um doente. Os bens são necessários (e convenientes) ou supérfluos (e nocivos) pela repercussão que têm em cada indivíduo que os possui, os usa ou os aproveita; quer dizer, pelos efeitos que produzem nele.
Aristóteles oferece-nos no primeiro livro da Ética a Nicómaco, um critério que poderia ter-se esquecido (hoje somos vítimas desse esquecimento) mas não superado: são bens necessários (e convenientes) aqueles que tornam exeqüível ao homem o exercício da virtude. Se este critério caiu no esquecimento, deve-se a que a palavra virtude perdeu a sua força, o qual constitui um dos paradoxos mais graves da nossa linguagem, pois o termo virtude significa isso mesmo que perdeu: força. O homem virtuoso é o que possui com força, com consistência, com nervo, aquilo mesmo que é ser homem, e o homem se define pelo seu espírito. Aristóteles identifica a virtude - ser mais homem - com a felicidade: "Chamamos felicidade ao desenvolvimento ou expansão da atividade do espírito". Por isso mesmo os gregos não tinham mais do que uma palavra (areté) para expressar a virtude e o êxito: o êxito do homem consistia em sê-lo na máxima medida possível.
Serão bens necessários (e convenientes), pois, aqueles que ampliam a nossa capacidade de ser homem, no que consiste a felicidade que se pode alcançar nesta vida. Hoje, a voz ilustre de João Paulo II disse-o na Sollicitudo rei socialis: "os verdadeiros bens são os que abrem horizontes ao homem".
SOBRIEDADE E VIRTUDE O cristianismo sublinha e potencia o que a mente pagã de Aristóteles vislumbrara na sua Ética. Cada um saberá - é melhor que o saiba - se os bens que possui facilitam ou estorvam o crescimento do seu próprio ser homem, e conhecerá então qual é a linha que separa os bens que tem e utiliza como necessários ou como supérfluos; os que clareiam o seu panorama vital ou o enturvam.
Mas a sabedoria grega deu mais um passo: a carência de bens, o prescindir do supérfluo, contribui à virtude. Isto, que não é inteligível agora, já que a escassez nos parece intrinsecamente má, entendiam-no muito bem aqueles que constituem uma boa parte do nosso mais valioso patrimônio cultural. Assim o lemos em Heródoto: "A Grécia foi em todos os tempos um país pobre. Mas nisso se fundamenta a sua virtude. Chega a ela mediante o engenho e submissão a uma severa lei. Mediante ela se defende a Grécia da pobreza e da servidão". Paradoxo hoje certamente ininteligível!: a pobreza gera em nós a força, e a força - não a abundância - nos defende da pobreza. Fica todavia um ponto em suspenso. Muitos aceitarão com facilidade que os bens convenientes se nos transformem em necessários. Mas é muito possível que tenha obtido a repulsa de todos quando aventurei a hipótese de que os bens supérfluos têm a tendência de converterem-se em nocivos. Em que posso basear esta hipótese?
A ANGÚSTIA CONSUMISTA Já o próprio conceito implica um fator pejorativo: supérfluo é o que sobra, o inútil, o que não é preciso ter. Este fator negativo implica de per si algo prejudicial: pois não é razoável - e portanto é irracional - ter o que sobra, conservar o que é inútil. Mas esta consideração, obtida analiticamente do mesmo conceito do supérfluo, torna-se demasiado abstrata, e deveria por isso ser empiricamente constatada. Para isto, devemos distinguir entre superfluidade e riqueza; porque se bem que o supérfluo tenha um matiz claramente negativo, a riqueza possui um claramente positivo. As riquezas, inclusive materiais, podem servir sem dúvida de apoio instrumental à virtude: quem é bom, fará mais bem se tem recursos para fazê-lo. Mas, igualmente, as riquezas podem ser um estorvo que estreite o espírito humano, "na medida em que pela inquietude que geram, se impede a paz da alma", disse com aguda expressão Tomás de Aquino. Há, pois, uma riqueza que serve para ampliar o raio de ação da virtude, e uma riqueza que a perturba. Hoje em dia está à flor da pele social esta inquietude que rompe o sossego da alma. Não se trata de uma afirmação anacrônica. Octavio Paz, na sua Pequena crônica de grandes dias diz-nos que "a tristeza e a angústia dos europeus e dos norte-americanos não vem da falta de comida mas sim da abundância de bens". A avareza, enquanto afã, angústia ou desejo enfermiço de acumulação de riquezas, transformou-se no afã, angústia ou desejo enfermiço do seu uso, substituindo uns bens por outros supostamente melhores, numa corrida atropelada que contraria a serenidade do espírito; mais ainda: que volta o espírito para fora na sua acelerada substituição. A hipótese diria que os bens que são de per si instrumento do espírito, se convertem naqueles que sobram quando semeiam a inquietude da sua acumulação ou da sua contínua substituição progressiva. RIQUEZA GERADORA DE POBREZA Mas, não é apenas a inquietude de espírito que gera em nós os bens supérfluos. Platão, no oitavo livro da República, adverte-nos que o excesso de bens materiais gera a decadência da alma. E dois mil quatrocentos anos depois, Mariano Grandona assegura-nos que "a prosperidade tornou-nos brandos". É o que Daniel Bell chamou certeiramente "o beco sem saída" do Ocidente: o trabalho disciplinado e duro produziu uma prosperidade que nos impede já de seguir trabalhando, de modo que a prosperidade pode terminar em miséria. Pois se a virtude é força, fibra, vigor, e se os bens supérfluos não só nos inquietam, como também nos amolecem, atentarão nocivamente contra a vida interna do homem. Então, o reter para si o supérfluo é uma opção grave: optar pela primazia das coisas que sobram, em detrimento das pessoas que as necessitam. Poderíamos concluir que o supérfluo de uns torna-se prejudicial ou nocivo àqueles que carecem do que, a outros, seus vizinhos, seus coetâneos, lhes está sobrando. Mas a conclusão ficaria incompleta. Porque, quem retém para si o supérfluo não prejudica somente a quem carece do necessário; prejudica-se sobretudo a si mesmo, já que impede o exercício da solidariedade, que é a virtude mais profundamente humana: o ser insolidário torna-se nocivo, já que longe de abrir o horizonte do homem, encerra-o em si mesmo e o empequenece. Talvez seja este o sentido que João Paulo II tenha querido dar em Durango (MÉXICO) à "riqueza geradora de pobreza"; pobreza material nos demais, mas também pobreza espiritual em si mesmo, enquanto homem. Leia outros textos sobre Ética e Educação no site do Professor tel. (41) 252.9500 CETEC -Consultoria
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GESTÃO AMBIENTAL II/IV
Jornalista Vilmar Berna Ambientalista de renome internacional e único brasileiro homenageado pela ONU com o Prêmio Global 500 Para o Meio Ambiente, no ano de 1999. Fundador do Jornal do Meio Ambiente. http://www.jornaldomeioambiente.com.br
4. Globalização e Imagem Ambiental Hoje, mais do que nunca, as empresas estão cuidando de sua imagem ambiental e de seus produtos para que sejam mais ecológicos por diversas razões, nenhuma delas por que de repente ficaram mais conscientes ambientalmente, mas por exigência do 'mercado' e por pressão da sociedade e de seus consumidores.
A globalização e o agigantamento das empresas levaram as empresas a ter de cuidar de fato do meio ambiente por diversos motivos: 1) para evitar que seu produto seja sobretaxado pelo lobby dos concorrentes no exterior; 2) para se livrar de possíveis boicotes por parte de seus consumidores; 3) para evitar que pedidos de ampliação ou renovação de licença para a produção sejam negados ou dificultados por órgãos de controle ambiental que, por sua vez, sofrem pressões do parlamento e das ONGs e da própria sociedade que está cada vez mais consciente ambientalmente.
No caso de filiais no Brasil de empresas com matriz na Europa, significa ainda ter a má vontade dos investidores e acionistas da matriz na aprovação de novos projetos, quando a filial não cuida direito do meio ambiente. Muitas filiais sofrem auditorias e pressões de suas matrizes regularmente. Ás vezes essas matrizes possuem exigências mais rigorosas do que a legislação ambiental do país onde está a filial. As empresas européias estão bem mais conscientes de seu papel social e ambiental que as empresas brasileiras, isso por que a sociedade européia cobra mais e pressiona mais. Empurrar, simplesmente, para o Brasil, sua tecnologia suja para ter uma Europa limpa, não funciona mais numa era de globalização, onde qualquer ambientalista interligado na internet pode enviar mensagens para concorrentes das empresas poluidoras no exterior (para que sobretaxem os produtos poluidores fabricados no Brasil) e até mesmo os acionistas europeus (para que fiquem contrangidos com seus 'pares' brasileiros. Tem conselhos de administração de empresas européias que já contam com ambientalistas donos de ações e com poder de voto).
Os ambientalistas cada vez mais estão descobrindo estes caminhos de pressão e, quanto mais as empresas crescem, mais frágeis ficam em suas imagens institucionais.
5. Empresas a audiências públicas Com o surgimento da nova legislação ambiental, que exige audiência pública como uma importante etapa no processo de licenciamento de empreendimentos de potencial impacto ambiental, a adequada comunicação com o público transformou-se em ferramenta estratégica, que pode significar o sucesso ou fracasso para o investimento. Por isso, a definição prévia de públicos-alvo é garantia de eficiência e principalmente economia de esforços, energia e recursos.
Apesar de distintos entre si, os diferentes públicos-alvo devem integrar uma campanha global da empresa que seja uma espécie de espinha dorsal do seu Programa de Comunicação. O primeiro público-alvo são os próprios funcionários, compreendendo a Diretoria, o corpo técnico e os operários, com extensão aos funcionários e prestadores de serviços. Esse público pode se tornar um ótimo multiplicador de opinião da empresa, guardadas, naturalmente, as especificidades da relação Empresa-Sindicatos, principalmente quando dominadas por outros interesses que não os trabalhistas. É bom realizar seminários internos e campanhas de conscientização adequados a cada nível na empresa, conscientizando a todos sobre o novo empreendimento, sua importância tanto a nível dos trabalhadores quanto da comunidade e para o meio ambiente, a fim de que disponham dos argumentos adequados diante de questionamentos na comunidade.
O segundo público-alvo da empresa são as comunidades vizinhas ou próximas ao empreendimento. Elas costumam funcionar para a imprensa como contraponto às declarações da empresa, principalmente quando acontece algum problema, acidente, boato, etc. Não adianta adotar a política de "comprar" as lideranças da comunidade ou os políticos da região pois, com raras exceções, em momentos de crise, quando a imagem da empresa corre risco, estas lideranças tendem a ficar contra a empresa ou não se envolvem em sua defesa com receio de contrariar a opinião pública, pois temem perder votos.
O terceiro público-alvo é o público regional, junto ao qual a empresa deve manter uma imagem positiva, de credibilidade no controle ambiental e da saúde do trabalhador, transparência de informação e canais abertos ao diálogo, ressaltando os aspectos positivos como a função sócio-ambiental do empreendimento e seu papel de ascenção da economia da região. Aqui os melhores caminhos podem ser: patrocínio a programa de rádio na região, com apelo popular; patrocínio a jornais especializados, destinados a multiplicadores de opinião; patrocínio a ações e projetos de amplo apelo comunitário e ambiental, etc. As medidas compensatórias ou reparadoras exigidas em lei ou no próprio licenciamento, podem ser objeto de parcerias com grupos ecológicos, universidades, associações de moradores, etc., com vistas ao seu planejamento e execução. Além da empresa poder se concentrar na sua atividade fim, ainda estabelece importantes parcerias com multiplicadores de opinião da região, que estarão diretamente envolvidos no empreendimento, constituindo-se numa espécie de avalista sobre o correto monitoramento ambiental e os cuidados e compromissos assumidos pela empresa no processo de licenciamento. Pode ser uma vantagem a mais para a empresa na negociação com o poder público, além de garantir pontos positivos numa audiência pública.
E, por quarto e último, o público específico, compreendido pelos jornalistas e ecologistas, devido seu alto poder de influência junto a opinião pública e de multiplicação de informação. É um público crítico, desconfiado e exigente. O melhor antídoto para esta desconfiança é a verdade e a transparência, com a circulação de documentos e informações específicas para este público e identificação de parceiros para projetos. Pode-se ainda promover visitas desse público ao empreendimento e palestras de especialistas independentes, cujas posições, apesar de críticas em relação ao empreendimento, mantêm abertas as portas aos diálogo e aprovam o empreendimento, embora com restrições e exigências, o que é melhor que posições absolutamente contrárias, que não favorecem o diálogo ou provocam um clima de confronto da comunidade com a empresa.
As audiências públicas não possuem o poder de aprovar ou desaprovar um empreendimento, pois se trata de uma fase apenas de divulgação. Isso não significa que as empresas devem subestimar o poder dos ambientalistas junto à mídia e ao Ministério Público, tanto Estadual quanto Federal. É comum os jornalistas ouvirem os ambientalistas contrários ao empreendimento como contraponto às declarações favoráveis ao empreendimento. Se as críticas forem intensamente desfavoráveis e gerarem campanhas sistemáticas, podem influenciar a opinião pública, acabando por constranger os políticos que apóiam o projeto e até mesmo os órgãos públicos com a responsabilidade pela aprovação do empreendimento. O Ministério Público tem um importante papel em situações de confronto. Mesmo com todas as licenças aprovadas, se o Ministério Público entender que os direitos difusos da coletividade estão sendo desrespeitados, conforme denúncia dos ambientalistas, por exemplo, pode mover ação civil pública e até obter liminar que impede a implantação do empreendimento, iniciando uma batalha judicial que pode inviabilizar qualquer investimento. Toda essa exposição deixa a empresa vulnerável, principalmente quando ela tem um passivo poluidor ou de degradação ambiental a recuperar, ou quando já deixou a opinião pública formar uma consciência contrária ao empreendimento. Por isso, pode ser mais barato prevenir que remediar, começando o trabalho o quanto antes, de forma planejada, evitando acumular tudo para a audiência pública.
Estratégias de Ação É preciso implantar um programa de trabalho que se baseie, primeiro, em atitudes visíveis para a sociedade e sinceras da empresa com o meio ambiente, através do controle da poluição e adoção de melhores métodos e tecnologias de produção. Afinal, a mentira tem pernas curtas, e será pior para a imagem da empresa quando o público descobrir que ela prega uma coisa mas pratica outra. É aconselhável ainda que a Direção da empresa, principalmente sua Presidência, se capacite para falar de forma adequada em público e para a imprensa, compreendendo a importância de cada público-alvo, qual a melhor linguagem e informação relevante em cada caso.
Segundo, é preciso adotar um Plano de Comunicação de forma sistêmica, ou seja, envolvendo toda a empresa e não apenas um de seus setores. Pois não adianta um setor para preservar e criar uma imagem de compromisso da empresa com o meio ambiente, se outros setores continuam contribuindo para a imagem de empresa poluidora, ou que se mantenha distante da opinião pública. Logo, tão importante quanto a atuação coordenada dos setores de relações públicas, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda, é a atuação de setores como de controle e monitoramento ambiental, engenharia de produção, etc.
Terceiro, qualquer Plano ou Campanha de Comunicação Institucional deve estar baseado no desejo sincero da empresa em se comunicar francamente com seus diversos públicos. Durante o período autoritário que vivemos no Brasil, muitas empresas adotaram o silêncio como estratégia para se proteger de problemas, o que deu certo em muitos casos. Hoje, com a abertura democrática e instrumentos de participação da sociedade como as audiências públicas, a ausência de investimentos em programas de comunicação ou, o que é pior, a não circulação da informação correta, na linguagem adequada a cada público-alvo, é a maneira mais rápida de favorecer e até estimular boatos ou notícias erradas contra o empreendimento, por maiores que sejam seus méritos ou vantagens para a comunidade. Além de favorecer lideranças políticas eleitoreiras que ficam de olho em qualquer oportunidade para aparecerem como contraponto na mídia e administradores corruptos, mestres em criar dificuldades para vender facilidades.
6. Algumas lições da mancha na Baía
- Não existe Petrobrás só na Baía de Guanabara. Todos os cidadãos devem exigir da empresa localizada em outras regiões do país que revejam seus procedimentos de segurança e meio ambiente.
- Este não é o primeiro grande vazamento da Petrobrás no mesmo local. Em março de 1997, outro vazamento provocado pela Refinaria Duque de Caxias causou o derramamento de 900 toneladas. Por que a Petrobrás não tomou as providências que deveria, permitindo a repetição do acidente, desta vez com um vazamento muito maior? Por que os órgãos de controle ambiental permitiram que uma empresa deste porte continuasse funcionando sem licença ambiental mesmo depois do vazamento de 97?
- De que adianta um plano de contingência para acidentes se ele existe só no papel, se as pessoas e instituições não recebem o treinamento adequado e muito menos têm clara a cadeia de responsabilidades e a manutenção do sistema? Quanto tempo será preciso para que empresa e autoridades esqueçam esta lição, como esqueceram a de 1997?
- A Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara possui cerca de 10 mil empresas. As autoridades podem se dar ao luxo de pressionar empresas do porte de uma Refinaria da Petrobrás sem que isso desperte o pânico da população pelo emprego. Mesmo assim, as autoridades de controle ambiental estaduais, federais e municipais deixaram que uma Refinaria de Petróleo funcionasse sem licença ambiental. Então, que dirá em cidades do interior, ou numa região afastada, onde a empresa é a maior, se não a única empregadora da região? E a imprensa em regiões assim, será que terão a independência necessária para criticar uma empresa tão poderosa e fundamental, sem ser acusada de estar fazendo 'imprensa marrom'?
- O sentimento de revolta mistura-se com o de impotência diante de aves com suas penas cheias de óleo. Na tentativa de salvá-las, é preciso agravar o drama na tentativa de capturá-las. Elas correm de um lugar para o outro, tentam voar, mas acabam capturadas, mortas de medo e perplexidade. Como podem ter engolido óleo, um tubo é enfiado em sua goela para encher seu estômago com uma mistura de soro e carvão. Após um breve descanso, suas penas são lavadas com muito detergente de cozinha e água morna para, finalmente, receberem medicamentos. Visualmente, depois que secam as penas, até parecem melhores, para logo depois se constatar uma alta mortalidade por diárreia ou desidratação.
- Por que tem de ser secreta uma reunião entre o Ministro do Meio Ambiente, o presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reichstul, a Presidente do IBAMA, Marília Marreco e representantes da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema) para tratar do vasamento na Baía? O Editor do Jornal do Meio Ambiente, Vilmar Berna, foi barrado na portaria da Base Aérea do Galeão, primeiro por ser da imprensa (foi comunicado que a reunião não era aberta para a imprensa), e depois como ambientalista (apenas tinha acesso aqueles cujos nomes estavam numa tal lista). É uma ironia, quando esse mesmo jornalista e ambientalista consegue ser recebido pelo Imperador do Japão, na ocasião em que foi homenageado pela ONU com o Prêmio Global 500.
- Com tantos riscos de acidentes ambientais, por que o país até hoje não dispõe de um Centro Permanente de Voluntariado Ambiental que possa manter treinado e mobilizado um grande contingente de cidadãos para atuarem em emergências?
- Por que é tão difícil encontrar especialistas, técnicas, tecnologias para captura, resgate, ações emergenciais e tratamento de animais silvestres? Por que não existe um Centro Permanente de Reabilitação de Animais Silvestres Vítimas de Acidentes Ambientais?
- Quanto vale o peixe que o pescador não consegue mais vender por que o consumidor teme que esteja contaminado por óleo derramado pela Petrobrás? Quanto vale o turismo que restaurantes, hotéis, pousadas deixarão de vender, por que os turistas não querem nem pensar de ter de passar suas férias num lugar sujo de óleo? Quando a Contabilidade Ambiental será considerada seriamente no cálculo de acidentes ambientais deste porte?
- O valor máximo da multa prevista na Lei de Crimes Ambientais é de R$ 50 milhões, mas o governo do Estado do Rio de Janeiro achou razoável uma multa de apenas R$ 49 mil reais. O Ministério do Meio Ambiente negociou o cancelamento desta 'multinha' para aplicar uma outra, de R$ 50 milhões de reais. Ainda quase nada. As sanções que foram aplicadas à Exxon pelo acidente com óleo derramado, ocorrido em 24 de março de 1989 incluíram US$2.2 bilhões na limpeza. Somente os levantamentos periciais tiveram o custo de US$ 700 milhões, US$300 milhões em indenizações a particulares US$1 bilhão em condenações criminais e civis nas ações promovidas pelas autoridades federal e estadual. Ainda há um processo pendente onde se pleiteia US$ 5,3 bilhões em indenizações.
- Pelo menos, o presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reichstul, teve uma atitude pouco comum aos principais executivos de grandes empresas diante de acidentes ambientais. Talvez sinal dos novos tempos de maior conscientização ambiental da Sociedade. Em, vez de se esconder atrás de subordinados e adotar a política usual do 'nada declarar', ou tentar minimizar o problema e pretender descredenciar os críticos, assumiu em nome da estatal total culpa pelo vazamento de óleo na Baía de Guanabara, e disse que não vai fugir das responsabilidades, inclusive ressarcir os prejuízos causados. Ele se mostrou também a favor da auditoria externa na Petrobras e garantiu que a estatal vai se adequar aos padrões ambientais internacionais. "O fato da Reduc ter sido construída antes da vigência das leis relativas ao meio ambiente não a exime de se adaptar às novas normas", disse Reichstul.
- Se você fosse o técnico ou o presidente do banco internacional que precisa examinar o pedido de financiamento para a despoluição da Baía de Guanabara, diante e um acidente destas proporções, irá recomendar a renovação ou a concessão de novo empréstimo.
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A NR 17 da Portaria Mtb 3.214 admite: Transporte e descarga individual de peso: máximo de 60kg. Levantamento individual de peso: máximo de 40kg.
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