Curso de Orçamento - Dica ao Orçamentista para Orçamento de Obra

 

Resumo do Curso EngWhere

O Orçamento como Matéria da Engenharia

 

5. DICA AO ORÇAMENTISTA EXTRATOS DA REVISTA ENGWHERE

5.1. Orçamento Padrão

A maior dica ao Orçamentista iniciante é que procure estabelecer seus próprios critérios para orçar. Deverá elaborar pelo menos 1 orçamento completo, defini-lo como padrão e corrigi-lo e ampliá-lo à medida que ganha experiência e obtém novas informações.

Com o tempo seus orçamentos serão cada vez mais ágeis, precisos e principalmente coerentes.

 

5.2. Exercício ao Orçamentista

Lançar índices em uma composição de preço requer profundos conhecimentos de regra de três. Teste suas possibilidades (sem a calculadora):

Uma lata de spray dá para pintar uma superfície com 3 m². Uma letra grande ocupa uma área de 0,5 m². Quantas letras grandes poderão ser pintadas com 3 latas de spray?

 

5.3. O Caldo

O Inseguro termina seu orçamento e, sem muito acreditar em seus resultados ou sentindo-se no direito de dormir tranquilo, acrescenta uns 10% a 20% a mais nos resultados.

Já o Superconfiante, valorizando o poder de suas posteriores negociações, ou de seu desempenho durante a execução da obra, reduz as contas em semelhantes percentuais.

Lembrando que entre as Taxas do BDI existe o campo Taxa de Risco, calculável, e o que se está fazendo não é sonoterapia ou preparando macarronada, o “caldo” é expressamente proibido ao Orçamentista.

 

5.4. Curva A-B-C

Uma relação de preços qualquer, como de insumos, ou de serviços, quando disposta do item de maior valor para o item de menor valor, irá lhe propiciar outra visão do todo. Poderá fazer com que ganhe tempo, estudando apenas os itens mais significativos e ajudar na detecção de eventuais erros nos itens com valores excessivamente baixos. Nos orçamentos de obras a Curva A-B-C é fundamental.

 

5.5. COLUNA DO PIMPÃO

5.5.1. Índice Obsoleto ou Chutado?

Se na prática, na grande maioria das obras, a distribuição da mão-de-obra é sempre proporcional (4 ajudantes para 8 carpinteiros, 6 ajudantes para 6 pedreiros, etc. e sempre juntos), ao deparar com alguma composição de preço que não mantém a mesma proporção (e não serão poucas), desconfie e analise o motivo para a diferença.

5.5.2. Chutes Horários de Equipamentos

Se você estiver orçando obra que utiliza poucos equipamentos, cote o preço de mercado de sua locação para lançar nas composições de preços. Se os equipamentos predominam em sua obra, utilize os índices de consumo e manutenção de sua própria empresa. Não fie-se nos índices dos fabricantes, que são demais otimistas, e menos ainda em qualquer das coletâneas disponíveis no Mercado, muito teóricas, confusas e não acertam uma.

 

5.6. COLUNA DO BORDUNA

5.6.1. Adotando Valores

Se o médico ao aplicar uma injeção não acertar a veia de primeira irá cair na boca do povo. Já o engenheiro se vê no direito de chutar, ou copiar o chute alheio, e se safar afirmando em tom de madre superiora que “o valor foi adotado”. Estará praticando Engenharia?

 

5.7. ÍNDICES PARA ORÇAR, CHOVER E PASSAR DIFICULDADES

Nossas pretensões serão alertar o orçamentista sobre a inconsistência dos índices quando não aferidos constantemente (ou até mesmo a cada obra orçada) e mostrar que muitos deles, convertendo-se ao longo do tempo em valores absolutos (e imutáveis) nos cálculos, poderão provocar erros grosseiros nos orçamentos.

Tomaremos como exemplo 2 índices de mão-de-obra, um relacionado aos custos diretos e outro aos indiretos, verificando os fatores que os influenciam e, ainda que cientes de serem as mais apropriadas ferramentas do orçamento, recomendar bom senso na utilização de praticamente todos eles.

Um de nossos exemplos de índices inquestionáveis é também um dos mais antigos nos orçamentos: os tais “Dias de chuvas e outras dificuldades”.

Na literatura mais antiga há algumas referências: Ptácek (O Custo de Construção – 1959) refere-se aos riscos e recomenda pensar em imprevistos. Stabile (Composições de Custo – também de 1959) sugere 1,5% sobre o salário direto para cobrir custos com chuvas e imprevistos de entrega de materiais. O nome pomposo parece ter sido inventado pela Pini (TCPO), que também adota os mesmos 1,5% sobre o salário.

De nossa amostragem deduz-se ser Stabile o pai da criança e, ousamos dizer, com base apenas teórica pois o índice é extremamente abrangente.

Que chuva seria esta? A amazônica de todos os dias do ano ou as tempestades de dezembro a fevereiro no Pantanal? A nordestina evidentemente que não é: o peão até trabalha mais satisfeito quando chove (para desespero de um dos fiscais, inconformado e querendo parar a obra pois senão “amanhã estará todo mundo gripado”).

Ou não seria em determinadas obras, a literatura é omissa, que seria aplicado? O índice não incidiria diferentemente sobre as obras de terraplenagem ou reaterro, que são totalmente paralisadas durante e muito além das horas de chuva, das reformas internas, que pouco são afetadas por maior que seja o temporal?

E as tais dificuldades quais seriam? Antigamente eram bastante comuns os atrasos na entrega dos materiais. Hoje impensáveis, as dificuldades na maioria das vezes são financeiras, o que não imaginaria Miguel Stabile Sobrinho talvez por não acreditar ser possível uma obra sem suficiente provisão, fato nem tão incomum atualmente e que os 1,5% poderão nem ser suficientes.

E o que estaria querendo dizer a Pini com “outras dificuldades” para ir já lançando 1,5% sobre a totalidade da mão-de-obra? Não estaria abstendo-se de praticar Engenharia?

Não seria, pois, mais conveniente considerar a variação do índice de chuvas em função da região que será implantada e do período que serão executados determinados serviços da obra, e diluir as demais dificuldades nos índices de produtividade das composições de preços? Não seria preferível introduzir, para os imprevistos inimagináveis, uma taxa de risco, perfeitamente calculável, aliás, como já prognosticara Frantisek Ptácek em 1959?

Nossa proposta é a adoção de índices melhor definidos, de fatores de correção dependentes das variáveis que os influenciam e que cada um de nós adotemos nossas próprias variáveis, sem fiar-nos cegamente nas considerações de meio-século atrás e menos ainda nos petardos modernos.

A melhor maneira de se levantar os índices de produtividade da mão-de-obra é através das apropriações em campo.

Passemos aos índices de produtividade de algumas das composições mais utilizadas no orçamento: “forma plana de madeirit – 5 usos – m²” e suas similares, que muitas vezes são empregados indiscriminadamente em construções térreas, edifícios de qualquer número de pavimentos ou em obras industriais.

Para início de conversa a composição só é válida se as peças forem múltiplas de 5, o que nem sempre acontece, mas, ainda neste caso, todos os consumos variam em função também da qualidade da madeira, do número de peças, andares-tipo, da qualidade dos serviços de desforma, da região, etc.

Não seria preferível, pois, que o orçamentista elaborasse antes um rascunho do que estaria idealizando para as formas e utilizasse as especificações técnicas ou mesmo seu bom senso para definir o número de reaproveitamentos, a quantidade de madeira necessária, o tipo e bitola da madeira e a trabalhabilidade da mesma? Não seria muito mais adequado abandonar de vez sua literatura tacanha e calcular ele próprio seus índices de consumo?

Os índices precisariam ser, por cada um, sempre questionados e depurados. Será obrigatório muito pensá-los, pesá-los, e habituar-se a aferi-los constante, tenaz e insistentemente, evitando-se o hábito de aceitar passivamente as coisas mastigadas. Para tanto apropriações mínimas precisariam ser rotina nas obras, e, ainda que isto não aconteça, baseá-los na maior ou menor experiência, e disposição, de cada um. Quem executou recentemente um serviço poderá definir índices bastante confiáveis.

Nas apropriações em obras de índices de produtividade dois critérios deverão ser adotados e confrontados: 1. A apropriação direta em campo em diversificadas frentes do mesmo serviço. 2. A apropriação da totalidade dos serviços em determinado período, sendo comparadas as horas apropriadas com as da folha de pagamento, que fornece com exatidão o total das horas trabalhadas por função.

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